Nos últimos dias, a mídia vem noticiando a crescente escassez de ovos de galinha nos EUA, Reino Unido, Portugal e Nova Zelândia. Uma série de fatores leva a isso, como o surto de gripe aviária, a guerra da Rússia e Ucrânia, o alto custo da energia elétrica e a elevação do preço das commodities, principalmente milho e soja – base da alimentação das galinhas. Tudo pressionando o custo de produção, impactando a relação oferta e demanda e esvaziando as prateleiras dos mercados.
Galinhas livres de gaiolas na Nova Zelândia
Situação um pouco diferente vive a Nova Zelândia. Mudança na legislação, desde 1º de janeiro, restringe a criação de aves nas tradicionais gaiolas de produção, consideradas prejudiciais à saúde das aves, pelos defensores do bem-estar animal. Os avicultores de lá precisam migrar para um novo modelo de criação. Isso vem causando grande impacto no custo de produção e provocando a escassez desse alimento.
Produção no Brasil
O Brasil produz mais de 54 bilhões de ovos por ano, o que coloca o país na 6ª posição na produção mundial. Em torno de 99% dessa produção é destinada ao mercado interno. São Paulo é o maior produtor, seguido de Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Um alimento de alta qualidade
Nos últimos anos, a ciência reverteu muitos estigmas em relação ao consumo de ovos, como aumento de colesterol, entre outros. O ovo hoje é considerado um dos alimentos mais completos da natureza. A partir disso, um amplo trabalho de esclarecimento, pautado por informações científicas e pela ampliação da capacidade produtora do Brasil foi estabelecido. Isso possibilitou ao brasileiro um consumo per capita de 257 ovos/ano, superando a média global de 230 unidades, de acordo com a ABPA.
Não vai faltar por aqui, mas o preço tende a aumentar
Até o momento, não há risco de faltar ovos no Brasil. Porém, a possibilidade de aumento de preço é real, devido a muitos fatores, mas principalmente, ao impacto do valor do grão de milho, que compõe 70% da dieta das aves.
Segurança sanitária: risco ou oportunidade?
O setor produtivo está em alerta em relação ao risco da entrada da gripe aviária no Brasil. Incrementos nos protocolos de segurança sanitária estão sendo feitos para reduzir ao máximo o risco. Porém, estamos diante de um grande desafio, pois países sul-americanos como Colômbia, Equador, Chile, Peru e Venezuela já notificaram a presença do vírus.
Por ora, não haverá desabastecimento por aqui, garante José Eduardo dos Santos, presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura. O Brasil produz em larga escala, e, inclusive, já começa a atender a demanda de muitos países que sofrem com a falta de ovos. Esse é um cenário de possibilidades para o país, que é referência mundial em sanidade e biossegurança nos planteis industriais. Eis uma grande oportunidade!